Night and Day, 2020
4’44”

Uma câmera desubstancializada percorre um trajeto dentro de um apartamento. Em seu lento e contínuo movimento, revela um espaço reconstituído através de fotogrametria – que gera uma reconstrução virtual do espaço real com eventuais falhas de leitura. Esse ponto de vista fantasmático observa um ambiente vazio, marcado por um sentimento de ausência, de um corpo que não está mais. No desenvolvimento do percurso, a câmera penetra um outro ambiente – idêntico ao anterior – mas envolto pela noite. Explora o mesmo espaço através do mesmo percurso estabelecido, escrutinando detalhes pouco relevantes, em um tempo dilatado de devaneio, quase mântrico.

O vídeo, portanto, reitera um mecanismo de repetição em loop pela continuidade desses dois espaços contíguos e idênticos. O cruzamento desses ambientes que esmiúça nada, aponta tão somente para uma atenção sem foco que, sucessivamente, retorna ao ponto de início e embaralha as diferenças de tempo em um mesmo espaço. Essa zona torna-se também um lugar mental encerrado em si mesmo, delimitado e infinito.