Sleight of Hand, 2023-2024
Videoinstalação em dois canais
cor, som
8’43’’
Testando os limites da lei, o artista brasileiro radicado em Londres Ilê Sartuzi realizou um truque de prestidigitação, roubando temporariamente uma moeda histórica do acervo do Museu Britânico. Após mais de um ano de planejamento, o artista trocou secretamente uma moeda de prata de 1645, cunhada em Newark durante a Guerra Civil Inglesa, por uma réplica falsa. Com a moeda em sua posse, o artista deixou a Sala 68 – a seção de dinheiro do Museu Britânico – e desceu para depositar o objeto na caixa de doações do museu.
Para além das provocações de incorporar essa figura do trickster, pensando o truque de prestidigitação como forma, a desorientação como procedimento e o roubo como arte, este projeto suscita debates em torno do valor, da propriedade, da violência histórica da lei e do seu papel na legitimação do saque como ferramenta para a fundação de “museus universais” como a instituição em questão. Ao devolver a moeda à caixa de doações do museu, não apenas denunciamos essas infames bases imperialistas dessas instituições, como também abrimos espaço para especulações sobre a organização dessa infraestrutura e sua administração.
O fato de o artista ter escolhido uma moeda como objeto-alvo desse roubo aponta para um interesse pela natureza do dinheiro como construção social e meio de troca baseado em um “salto de fé”. Esse caráter fetichista do dinheiro como forma está intimamente relacionado à experiência da “suspensão momentânea da descrença”, que é a base da magia.
SELEÇÃO DE TEXTOS DE REVISTA E JORNAL EM PORTUGUÊS
Matheus Rocha – Um passe de mágica (Folha de São Paulo, 2024)
Felipe Molitor – o mágico, a moeda, a sala do dinheiro e as negociações simbólicas de Sleight of Hand (Celeste / Select, 2024)
Brandon Sward – Artista conceitual brasileiro rouba moeda história do Museu Britânico (Celeste / Select / Hyperallergic, 2024)



