edições

embora eu tenha me infiltrado em diferentes esferas do sistema de arte – desde uma prática mais conceitual em exposições institucionais até obras em forma de mercadoria em galerias de arte e feiras elitistas – com esta seção, estou interessado em explorar modelos alternativos de sustentabilidade enquanto crio um espaço de transparência.1 Com um preço mais baixo, essas edições (espero) também conectarão o trabalho à diferentes pessoas – enquanto estabelecem outras formas de distribuição – tornando uma parte da produção mais acessível, mas também criando relações de troca não mediadas (no sentido de outros agentes comerciais).

todas as edições são peças independentes, produzidas pelo artista em uma série limitada, especialmente para serem vendidas diretamente do estúdio. Elas vêm assinadas e numeradas e com um certificado de autenticidade. Uma vez que elas se esgotarem, não serão reproduzidas.

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edições disponíveis:

dinheiro e seu duplo
the gift

  1. I. Não costumamos falar sobre valor no mundo da arte. Seja porque é um assunto complexo (dar conta da pura abstração do valor e da dificuldade de reconhecer o tempo de trabalho ou outros valores intrínsecos como custos materiais em relação à obra de arte), seja porque pode revelar mecanismos que funcionam melhor em sua opacidade (como o sistema de autovalidação da arte). Alguns poderiam argumentar que a banalidade dessa discussão profanaria a arte. A realidade é que, embora haja uma assimilação estrutural do mundo da arte a outros sistemas – o arquétipo artístico da inovação e da criatividade está agora em demanda em todos os lugares – o mercado de arte retém costumes obscuros, locais e arcaicos que beneficiam informações privilegiadas, especulação e a falta de transparência, frequentemente retratada como um “ethos amoroso” que “licencia a opacidade e a irracionalidade nos casos mais brandos, e vastas reservas de corrupção nos piores – uma libidinização da troca de mercadorias que talvez revele as leis nada racionais de operação dos mercados capitalistas de forma mais ampla”. Assim, na economia capitalista global em expansão desde o final do século XX, “para a qual vários tipos de ‘ausência de fundamento’ (de dinheiro, valor, etc.) assumem maior centralidade”, a ideia do gênio romântico “tendeu a tornar a arte uma categoria de atividade constitutivamente maleável, vazia e especulativa, uma forma de pensamento ou nomeação que frequentemente parece sugestivamente próxima das formas proteanas do valor do capital”.
    II. De maneira similar à forma como o arquétipo artístico foi incorporado, as características do trabalhador neoliberal precário também se refletem no artista multitarefa e versátil (artista etc.), de quem agora se espera que atue como um empreendedor de si mesmo. Contrariamente à ideia de que o artista é “alguém genuinamente afastado do mercado e interessado apenas em seu próprio trabalho”, fica claro que, na verdade, ele “precisa tomar decisões comercialmente relevantes (em relação a formatos, despesas com materiais ou questões de distribuição) todos os dias”.
    III. Edições de Artistas foram criadas para apoiar instituições culturais e causas sociais. No entanto, muitas vezes esquece-se a outra parte frágil deste sistema, o trabalhador que muitas vezes trabalha sem ser pago.

    [citando ou fazendo referência à obra de Marina Vishmidt, Isabelle Graw, Suhail Malik e Andrea Phillips entre outros]