queda, 2021

vídeo HD, cor, som

12’20’’

vistas da exposição “A. E A de novo.” no auroras, São Paulo

discussão I (variação), 2021

resina, fibra de vídro, circuitos eletrônicos, mini-falantes, servo-motor e arduino

em colaboração com Marcus Garcia, Lucienne Guedes e Silvio Restiffe

discussão I, 2021

projeção de vídeo sobre manequins, cama

dimensões variáveis

em colaboração com Lucienne Guedes e Silvio Restiffe

carrossel, 2021

ferro, resina, boneco, lâmpada halogênica, motor síncrono 

36 x 56 x 36 cm

casa cabelo II, 2021

cera e cabelo

18 x 12 x 12 cm

pernas sol, 2019 
resina
15cm ø 

prelúdio (or curtain call), 2021

aço, cortina de veludo, motor de passo, arduino

93 x 76 x 20 cm

nhonhô, 2020
vídeo HD, cor, som
09’46”

em colaboração com Giselle Beiguelman

nhonhô é a biografia possível de um palacete que atesta o delírio europeizante e o isolamento social da elite paulista do início do século 20. O personagem-título, o barão Carlos Leôncio de Magalhães, foi um dos reis do café do Oeste paulista, mesmo carregando pela vida o tratamento que os escravizados reservavam aos filhos dos senhores, Nhonhô. Ergueu sua mansão em Higienópolis – onde a burguesia se refugiava da cidade que crescia – com ideias, técnicas e matérias trazidas da Europa, para espelhar toda a sua glória terrena. Afinal, morreu antes da conclusão da obra. 

Prescindindo da imagem humana, a narrativa de nhonhô parte da reconstrução e da desconstrução virtual de elementos arquitetônicos de uma casa suspensa entre a ruína e um restauro que a incorporará ao ideal de beleza vigente no bairro quase um século depois de sua conclusão. Os arcos temporais que se estabelecem entre arquitetura e sociedade servem de lente à leitura da história do personagem e de outras histórias da cidade.

Interesses e pesquisas relacionadas de formas diversas ao ambiente digital e à arquitetura aproximam Giselle Beiguelman e Ilê Sartuzi, que trabalham juntos pela primeira vez em nhonhô. Sem acesso à totalidade do palacete, os artistas reencenam a casa com fragmentos de fotogrametria – “rodeados por um fosso de falta de informações”, segundo eles – e elementos de aleatoriedade, via inteligência artificial e machine learning.

Recortes conceituais e decisões formais vão se determinando. Um exemplo é a paleta temperada, outonal e nacarada, produzida por algoritmos que buscam parâmetros de colorização em bancos de dados europeus e estadunidenses. O “desvio” na cor de imagens históricas dos trópicos acaba por ecoar a ideia distorcida que a burguesia cafeeira tinha de si mesma, ao projetar, em São Paulo, uma espécie de Europa pessoal.

Com uma reflexão adicional sobre o bairro cujo nome significa literalmente cidade da higiene, e onde a parcela mais favorecida da população podia respirar sem medo das doenças que grassavam nos cortiços dos trabalhadores, nhonhô inaugura o canal de Estreias do Videobrasil Online. A partir dele, a plataforma abre espaço sistematicamente, entre exposições e curadorias, para a primeira exibição de obras que aportem visões novas, potentes e pertinentes sobre nossas complexas realidades.

Solange Farkas

Faço pé e mão

09 de Agosto – 22 de Setembro de 2018

A colaboração entre a artista carioca Ana Matheus Abbade e Ilê Sartuzi cria uma vitrine que, embora retire elementos dos mostruários tradicionais de manicures e salões de beleza, resulta numa esquisita composição de um conjunto de pedaços de corpos – pés, braços e mãos, cabeça e dedos avulsos – com unhas postiças, alongadas e pontiagudas, que atravessam o espaço.

Dentro da produção de ambos os artistas, a reflexão sobre a não-normalidade em relação à exploração do corpo sempre foi uma questão central. A partir disso, a ideia de estabelecer uma vitrine que se assemelha ao que se veria de um estabelecimento comercial, contudo absurda, é o ponto de partida para a segunda intervenção no arte_passagem. Deve ser apontado, que o ambiente onde a intervenção acontece, o centro da cidade de São Paulo, é um espaço onde esse tipo de visualidade é recorrente, além de ser ponto comum para corpos que embaralham a normatividade.

“Faço Pé e Mão” anuncia o serviço ofertado pela artista, manicure e pedicure Ana Matheus durante o período da exibição; no interior da vitrine e em ruas do entorno, anúncios informam ao público o contato para o agendamento. O título refere-se, no entanto, tanto ao exercício de uma prática quanto à produção material desses dois pedaços de corpos. A vitrine assume, portanto, um caráter comercial, complexificando as funções desse espaço, ao mesmo tempo em que pode ser tomada enquanto a constituição de um corpo – estranho – formado por fragmentos. Esse corpo reside num lugar entre a imagem, própria de sua posição de manequim, e uma materialidade quase abjeta, que é intensificada pela presença das unhas alongadas e curvas que ocupam um espaço entre o produto e o interesse curioso que provoca um freak show.

co-criador do arte_passagem e organizador do DESFILÃO, Ilê Sartuzi apresentou três conjuntos de peças em látex. No conjunto de pele do corpo inteiro, uma cabeça com a impressão das feições de Kim Kardashian era carregada e também esteve na vitrine.

clique aqui para mais informações sobre o DESFILÃO

fotografias de arte_passagem, Daniel Albuquerque, Eduardo Viveiros, Julia Coelho e Lucia Koch. 

Participaram desta edição do DESFILÃO:

Aleta Valente a.k.a ex_miss_febem2
André Barion + Mariano Barone
AVAF (assume vivid astro focus)
CHRUA
Cléo Döbberthin + Gokula Stoffel + Janina McQuoid + Santarosa Barrero + Yuli Yamagata
Daniel Albuquerque
Dudux
Henrique Cutait
Igor Vice
Ilê Sartuzi
Janina McQuoid
Maria Palmeiro
Marina Avello
Pedro França
Pepi Lemes
Roberta Uiop